A Cantiga de maldizer: A sátira explicita.
A cantiga de maldizer, segundo MIOSÉS (1995, pg. 23) a sátira é feita diretamente feita com agressividade, "mais diretamente", com " palavras que querem dizer mal e não haverão outro entendimento senão aquele que querem chãmente".
Como já dito, a cantiga de escárnio, quanto a de mal dizer, eram escritas pelos
trovadores que se compunham poesia lírico-amorosa, segundo MOISES (1995,
pg. 23) expressavam, como é fácil depreender, o modo de sentir e de
viver próprio de ambientes dissolutos , e acabaram por ser canções e via
boêmia e escorraçada, que encontrava nos meios frascários e tabernários
seu lugar ideal.
Utilizavam-se de expressões licenciosas ou de baixo-calão, utilizando a
pornografia ou o mau gosto, não possuindo valor estético.
Pero d'Armea, quando composestes
o vosso cuu, que tan ben parescesse,
e lhi revol e concela posestes,
que donzela de parescer vencesse,
e sobrancelhas lhi fostes põer,
tod'est', amigo, soubestes perder
polos narizes, que lhi non posestes.
E, Don Pedro, põede-lh'os narizes,
ca vos conselh'eu o melhor que posso;
e matarei ũu par de perdizes,
que atán bel cuu com'esse vosso,
aínda que o home queira buscar,
que o non possan en toda a terra achar
de San Fagundo ata San Felizes.
E, Don Pedro, os beiços lh'er põede
a esse cuu, que é tan ben barvado,
e o granhón ben feito lhi fazede
e faredes o cuu ben arrufado;
e punhade logo de o encobrir,
ca, se vejo Fernand'Escalho vir,
sodes solteiro, e seredes casado.
o vosso cuu, que tan ben parescesse,
e lhi revol e concela posestes,
que donzela de parescer vencesse,
e sobrancelhas lhi fostes põer,
tod'est', amigo, soubestes perder
polos narizes, que lhi non posestes.
E, Don Pedro, põede-lh'os narizes,
ca vos conselh'eu o melhor que posso;
e matarei ũu par de perdizes,
que atán bel cuu com'esse vosso,
aínda que o home queira buscar,
que o non possan en toda a terra achar
de San Fagundo ata San Felizes.
E, Don Pedro, os beiços lh'er põede
a esse cuu, que é tan ben barvado,
e o granhón ben feito lhi fazede
e faredes o cuu ben arrufado;
e punhade logo de o encobrir,
ca, se vejo Fernand'Escalho vir,
sodes solteiro, e seredes casado.
(Pero d'Ambroa)
Essa cantiga é uma crítica explícita sobre a cantiga " Donzela, quem quer entenderia" de Pero d' Armea, utiliza-se o mesmo termo esdrúxulo "cuu" para representar a crítica pertinente sobre Pero d'Amea, e aconselha a parar de fazer essa sátiras, pois continuará solteiro, sem nenhuma mulher.
Referências:
MOISÉS, Massaud. A Literatura
Portuguesa. São Paulo: Cultrix, 1995
Cantiga: http://pt.wikisource.org/wiki/Pero_d%27Armea,_quando_composestes
Imagem: http://www.bibliele.com/ciberpoesia/justa/images/trovador.jpg
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