sábado, 14 de abril de 2012



NOVELAS DE CAVALARIA.



Além da magnifica floração lírica, a época do Trovadorismo ainda se caracteriza pelo aparecimento e cultivo das novelas de cavalaria. Originárias da Inglaterra e da França, é de carácter tipicamente medieval, nasceram da prosificação e metamorfose das canções de festa (poesias de temas guerreiros). Essas largadas e desdobradas deixaram a um grau que transcendia qualquer memoria individual, deixaram de se expressas por meio de versos para o ser em prosa, e deixaram de ser cantadas para ser lidas. Dessa mudança resultaram as novelas de cavalaria, que penetraram em Portugal no século XIII, durante o reinado de Afonso III. Seu meio de circulação era a fidalguia e a realeza. Traduzindo do Francês, era natural que sofressem alterações com o objetivo de aclimatá-las á realidade histórico-cultural portuguesa. Nesta época, não há noticia de novelas de cavalaria autenticamente portuguesa: eram todas vestidas do Francês.
Convencionou-se dividir a matéria cavaleiresca em três ciclos:
  • Ø  Ciclo bretão ou arturiano, tendo o rei Arthur e seus cavaleiros como protagonistas;
  • Ø  Ciclo caralingio, em torno de Carlos Magno e os doze pares da França;
  • Ø  Ciclo clássico, referente a novelas de temas greco-latinos.
Tratando-se da Literatura Portuguesa, essa divisão não tem cabimento, pois só o ciclo arturiano deixou marcas vivas de sua passagem em Portugal. Sabe-se que os demais ciclos foram conhecidos e exerceram alguma influência, mas apenas na poesia do tempo, visto que não se conhece em vernáculo nenhuma novela de tema carolíngio ou clássico.
Sabe-se, ainda, que na biblioteca de D. Duarte (1391-1438) existiam exemplares de algumas novelas como Tristão, o Livro de Galaax, o Mago Merlim, o que revela o alto apreço em que eram tidas e a grande influência que exerceram sobre os hábitos e costumes palacianos da Idade Média portuguesa. Excetuando o Amadis de Gaula somente permaneceram as seguintes: História de Merlim, José de Arimateia e A Demanda do Santo Graal.

Massaud Moisés, A Literatura Portuguesa 
Editora Cultrix, São Paulo

Nenhum comentário:

Postar um comentário