sexta-feira, 27 de abril de 2012



           PAIO GOMES CHARINHO


I BIOGRAFIA

Trovador galego, ativo nas últimas décadas do século XIII. Nascido numa linhagem da pequena nobreza sediada em Pontevedra, Paio Gomes Charinho foi gradualmente adquirindo importância na corte castelhana, acabando por assumir cargos de relevo na corte da Sancho IV. Tendo talvez participado na conquista de Sevilha (1248), segundo nos informa a inscrição da sua sepultura (mas inscrição que pode ser apenas encomiástica), é durante a década de 80 que a sua ascensão social é mais visível, muito particularmente depois da subida ao trono de D. Sancho, cujo partido tomou nas lutas que este último manteve com seu pai, Afonso X, nos últimos anos do seu reinado. Assim, a partir de 1284, para além de se tornar seu privado, assume o cargo de Almirante do Mar, pelo menos até 1286. Nesse ano, acompanha Sancho IV na sua peregrinação a Santiago de Compostela, onde parece ter ficado talvez na sequência de qualquer desacordo com o monarca. Seja como for, em 1290 aparece com o cargo de meririnho-mor da Galiza. Após a morte de D. Sancho (1295), intervém nas disputas relacionadas com o complicado processo da sua sucessão, acabando por ser assassinado, nesse mesmo ano, por Rui Peres Tenoiro (irmão do trovador Mem Rodrigues Tenoiro).
  

II AS CANTIGAS


1.     A dona que home "senhor" devia
(Cantiga de Amor)
2.     A mia senhor, que por mal destes meus
(Cantiga de Amor)
3.     Ai Santiago, padrom sabido
(Cantiga de Amigo)
4.     As frores do meu amigo
(Cantiga de Amigo)
5.     Coidava-m'eu, quand'amor nom havia
(Cantiga de Amor)
6.     Disserom m'hoj', ai amiga, que nom
(Cantiga de Amigo)
7.     Dizem, senhor, ca dissestes por mi
(Cantiga de Amor)
8.     Dom Afonso Lopes de Baiam quer
(Cantiga de Escárnio e maldizer)
9.     Mia filha, nom hei eu prazer
(Cantiga de Amigo)
10.   Muitos dizem com gram coita d'amor
(Cantiga de Amor)


11.   Tanto falam do vosso parecer
(Cantiga de Amor)


12.   Senhor fremosa, pois que Deus nom quer
(Cantiga de Amor)


III ANÁLISE DE UMA CANTIGA



Pois mia ventura tal é, pecador!

, que eu hei por molher mort'a prender 

,muito per devo a Deus a gradecer

 e a servir, enquant'eu vivo for

;porque moiro, u mentira nom há 

,por tal molher, que quen'a vir dirá 

que moir'eu bem morrer por tal senhor.  

 

Ca, pois eu hei tam gram coita d'amor 

de que já muito nom posso viver, 

muit'é bem saberem, pois eu morrer, 

que moiro com dereit' - e gram sabor 

hei eu desto; mais mal baratará,

 pois eu morrer, quem mia senhor verá

,ca morrerá como eu moir'ou peor.    

 

Ca nom há no mundo tam sofredor 

que a veja que se possa sofrer

 que lhe nom haja gram bem de querer.

 E por esto baratará melhor: 

non'a veer; ca rem nom lhe valrá 

e per força bem assi morrerá 

com'eu moiro, de bem desejador 

 

.Mais eu, que me faço conselhador

 doutros, devera pera mim prender

 tal conselho! Mais forom-mi-o tolher 

meus pecados, porque vi a melhor 

molher que nunca naceu nem será. 

 E moiro por ela! Pero que há? 

Moiro mui bem, se end'é sabedor 

 

ela, pero sei que lhe plazerá 

de mia morte – ca nom quis, nem querrá,

 nem quer que eu seja seu servidor.


Esta cantiga não contém refrão, então se trata de uma cantiga maestria. Evidenciamos nesta cantiga, um grande sofrimento do eu lírico em relação ao senhor (sua amada), assim este sofrimento se estabelece como coita, onde jamais poderá ser idealizado, devido ao fato que sua amada é de alta estirpe social e ele um servo. O eu lirico característica o seu amor pela senhora como um pecado, mas um pecado bem aventurado, pois ele acha que amar uma senhora como esta é um pecado, exaltando sua grandeza ao extremo e que se fosse morrer por ela, ele morreria feliz ou se fosse pra viver, ele á serviria com prazer. O eu lírico também expressa esse amor avassalador, nos sentimentos que sua senhora reflete nele, como se á ver triste, provoca nele uma tristeza sem fim, pois ele deseja o maior dos bons sentimentos para sua amada. Vemos também que a senhora nem se importa por seu servo, e ele mesmo reflete isso no trecho "ela, pero sei que lhe plazerá de mia morte – ca nom quis, nem querrá,nem quer que eu seja seu servido".




IV MANUSCRITO




Pois mia ventura tal é, pecador! -   Cancioneiro da Ajuda - A 253


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VI REFERÊNCIAS


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