PAIO GOMES CHARINHO
I BIOGRAFIA
Trovador galego, ativo nas
últimas décadas do século XIII. Nascido numa linhagem da pequena nobreza
sediada em Pontevedra, Paio Gomes Charinho foi gradualmente adquirindo
importância na corte castelhana, acabando por assumir cargos de relevo na corte
da Sancho IV. Tendo talvez participado na conquista de Sevilha (1248), segundo
nos informa a inscrição da sua sepultura (mas inscrição que pode ser apenas
encomiástica), é durante a década de 80 que a sua ascensão social é mais
visível, muito particularmente depois da subida ao trono de D. Sancho, cujo
partido tomou nas lutas que este último manteve com seu pai, Afonso X, nos
últimos anos do seu reinado. Assim, a partir de 1284, para além de se tornar
seu privado, assume o cargo de Almirante do Mar, pelo menos até 1286. Nesse
ano, acompanha Sancho IV na sua peregrinação a Santiago de Compostela, onde
parece ter ficado talvez na sequência de qualquer desacordo com o monarca. Seja
como for, em 1290 aparece com o cargo de meririnho-mor da Galiza. Após a morte
de D. Sancho (1295), intervém nas disputas relacionadas com o complicado
processo da sua sucessão, acabando por ser assassinado, nesse mesmo ano, por
Rui Peres Tenoiro (irmão do trovador Mem Rodrigues Tenoiro).
II
AS CANTIGAS
1. A dona que home "senhor" devia
(Cantiga de
Amor)
2. A mia senhor, que por mal destes meus
(Cantiga de
Amor)
3. Ai Santiago, padrom sabido
(Cantiga de
Amigo)
4. As frores do meu amigo
(Cantiga de
Amigo)
5. Coidava-m'eu, quand'amor nom havia
(Cantiga de
Amor)
6. Disserom m'hoj', ai amiga, que nom
(Cantiga de
Amigo)
7. Dizem, senhor, ca dissestes por mi
(Cantiga de
Amor)
8. Dom Afonso Lopes de Baiam quer
(Cantiga de
Escárnio e maldizer)
9. Mia filha, nom hei eu prazer
(Cantiga de
Amigo)
10. Muitos dizem com gram coita d'amor
(Cantiga de
Amor)
11. Tanto falam do vosso parecer
(Cantiga de
Amor)
12. Senhor fremosa, pois que Deus nom quer
(Cantiga de Amor)
III ANÁLISE DE UMA CANTIGA
Pois mia ventura tal é, pecador!
, que eu hei por molher mort'a prender
,muito per devo a Deus a gradecer
e a servir, enquant'eu vivo for
;porque moiro, u mentira nom há
,por tal molher, que quen'a vir dirá
que moir'eu bem morrer por tal senhor.
Ca, pois eu hei tam gram coita d'amor
de que já muito nom posso viver,
muit'é bem saberem, pois eu morrer,
que moiro com dereit' - e gram sabor
hei eu desto; mais mal baratará,
pois eu morrer, quem mia senhor verá
,ca morrerá como eu moir'ou peor.
Ca nom há no mundo tam sofredor
que a veja que se possa sofrer
que lhe nom haja gram bem de querer.
E por esto baratará melhor:
non'a veer; ca rem nom lhe valrá
e per força bem assi morrerá
com'eu moiro, de bem desejador
.Mais eu, que me faço conselhador
doutros, devera pera mim prender
tal conselho! Mais forom-mi-o tolher
meus pecados, porque vi a melhor
molher que nunca naceu nem será.
E moiro por ela! Pero que há?
Moiro mui bem, se end'é sabedor
ela, pero sei que lhe plazerá
de mia morte – ca nom quis, nem querrá,
nem quer que eu seja seu servidor.
Esta cantiga não contém refrão, então se
trata de uma cantiga maestria. Evidenciamos nesta cantiga, um grande sofrimento
do eu lírico em relação ao senhor (sua amada), assim este sofrimento se
estabelece como coita, onde jamais poderá ser idealizado, devido ao fato que
sua amada é de alta estirpe social e ele um servo. O eu lirico característica o
seu amor pela senhora como um pecado, mas um pecado bem aventurado, pois ele
acha que amar uma senhora como esta é um pecado, exaltando sua grandeza ao
extremo e que se fosse morrer por ela, ele morreria feliz ou se fosse pra
viver, ele á serviria com prazer. O eu lírico também expressa esse amor
avassalador, nos sentimentos que sua senhora reflete nele, como se á ver
triste, provoca nele uma tristeza sem fim, pois ele deseja o maior dos bons
sentimentos para sua amada. Vemos também que a senhora nem se importa por seu
servo, e ele mesmo reflete isso no trecho "ela, pero sei que lhe plazerá de
mia morte – ca nom quis, nem querrá,nem quer que eu seja seu servido".
IV
MANUSCRITO
Pois mia ventura tal é, pecador! - Cancioneiro da Ajuda - A 253 |
VI REFERÊNCIAS
- https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEju5Erqw0N99H8fvsweS9AV5uVsKxEovKXorkBhV9lqMK3Sq3u_dHkf-a6bmApQIpekEdsMkUEqxBg4KPE5O44SAdQOekkCRqtg2DYT-7HrmFglCnA6-iPQpmYh3G9A3hWRWb5FY0cWgRw/s1600/Trovadores67894.jpg
- http://cantigas.fcsh.unl.pt/cancioneirovaticana.asp
- http://www.youtube.com/watch?v=gnq2If_TWZY
- http://www.brasilescola.com/literatura/trovadorismo.htm
- https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEju5Erqw0N99H8fvsweS9AV5uVsKxEovKXorkBhV9lqMK3Sq3u_dHkf-a6bmApQIpekEdsMkUEqxBg4KPE5O44SAdQOekkCRqtg2DYT-7HrmFglCnA6-iPQpmYh3G9A3hWRWb5FY0cWgRw/s1600/Trovadores67894.jpg
- http://cantigas.fcsh.unl.pt/cancioneirovaticana.asp
- http://www.youtube.com/watch?v=gnq2If_TWZY
- http://www.brasilescola.com/literatura/trovadorismo.htm
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