sábado, 14 de abril de 2012


Paio Soares de Taveirós

I Biografia:

Certamente originário de uma linhagem sediada em Taveirós, no atual concelho de Estrada, em Pontevedra, Paio Soares é um trovador galego, ativo nas primeiras décadas do século XIII, mas cujo percurso é relativamente obscuro. Não dispomos, na verdade, de nenhum dado documental seguro sobre o trovador, embora possa ser ele o Pelagio Suerii, marido de Urraca Rodrigues que, em 1220 e 1228, faz algumas transações em localidades próximas de Estrada (Ron Fernández, 2005, p. 1391). De resto, grande parte dos dados que nos permitem traçar a sua biografia mínima provêm das suas composições, nomeadamente da rubrica explicativa da tenção de mantém com Pero Velho, seu irmão, como nos informa essa mesma rubrica. A explicitação do local onde os dois se encontrariam, ou seja, em cas Dona Maior, mulher de Dom Rodrigo Gomes de Trastâmara, tem permitido ligar os dois irmãos Taveirós a esse magnate galego, cuja importância na fase inicial da poesia galego-portuguesa esta menção confirma. Já de uma outra sua composição poderemos depreender que terá estado, em algum momento, fora da Península. Até ao momento, no entanto, nada mais ter sido possível apurar sobre a sua biografia.
Acrescente-se, de resto, que, num artigo relativamente recente, José Carlos Miranda2, partindo da discrepância entre os manuscritos no que toca à transmissão da obra de Paio Soares de Taveirós, propõe que o conjunto de composições preservadas unicamente pelo Cancioneiro da Ajuda, com a numeração atual A36-A39, deverá ser atribuído, não a Paio Soares, mas a Afonso X. Sendo que neste conjunto se inclui a célebre "cantiga da garvaia", uma das mais discutidas composições galego-portuguesas, esta interessante mas polémica proposta de José Carlos Miranda2 necessitará certamente de fazer ainda o seu caminho entre a comunidade de especialistas.

Referências
1 Ron Fernández, Xavier (2005), “Carolina Michaelis e os trobadores representados no Cancioneiro da Ajuda”, in Carolina Michaelis e o Cancioneira da Ajuda hoxe, Santiago de Compostela, Xunta de Galicia.

2 Miranda, José Carlos, "Será Afonso, o sábio, o "autor anónimo" de A36-A39?", in Guarecer on-line.


II As Cantigas:
 

1.A ren do mundo, que melhor quería
2.Canção da Ribeirinha
3.Como morreu quen nunca ben
4. Eu sõo tan muit'amador
5. No mundo non me sei parelha
6. O meu amigo que mi dizía
7. Quantos aquí d'Espanha son
8.Vi eu donas en celado


III Análise de uma cantiga:
 

“No mundo nom me sei parelha,
mentre me for como me vai;
ca ja moiro por vós, e ai!,
mia senhor branca e vermelha,
queredes que vos retraia
quando vos eu vi em saia?
Mao dia me levantei,
que vos entom nom vi feia!

E, mia senhor, des aquelha,
me foi a mi mui mal di' ai!
E vós, filha de Dom Pai
Moniz, en bem vos semelha
d' haver eu por vós garvaia?
Pois eu, mia senhor, d' alfaia
nunca de vós houve nem hei
valia d'ua correia!”
Cantiga da garvaia, Paio Soares Taveiroos

Esta cantiga (maestria – sem refrão) divide muito a opinião dos estudiosos, alguns relatam que se trava de uma cantiga de amor e outros relatam que é uma cantiga satírica.
Percebemos que esta cantiga é dirigida á uma filha de D. Paio Moniz, muitos acha que era dirigida á D. Maria Pais Ribeiro.
O trovador relata sobre o encanto que quando viu filha de D. Paio Moniz, se encantou perdidamente por ela, e sofre de amor (coita), mas contém um tom de ironia e sátira, como por exemplo: ‘‘queredes que vos retraia’’/ “quando vos vi em saia?”.
Essa cantiga é considera o grande marco do Trovadorismo, é de supra importância entender essa cantiga para descrever o Trovadorismo.


IV Tradução da cantiga: 


“No mundo não conheço outro como eu,
enquanto me acontecer como me acontece:
porque já morro por vós, e ai!,
minha senhora branca e vermelha,
quereis que vos censure
quando vos eu vi em saia? (em corpo bem feito)
Mau dia me levantei
que vos então não vi feia!

E, minha senhora, desde então,
passei muitos maus dias, ai!
E vós, filha de D. Paio
Moniz, parece-vos bem
ter eu de vós uma garvaia? (manto)
Pois eu, minha senhora, de presente
nunca de vós tive nem tenho
nem a mais pequenina coisa.”
Tradução livre, de algumas possíveis, da
Cantiga da garvaia de Paio Soares Taveiros



V Manuscrito 


Cancioneiro de Ajuda A 38


VI Referências:









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